No dia 4 de abril, a UFMG sediou o I Seminário de Integração das Cátedras de Educação Básica, promovido em parceria com os Institutos de Estudos Avançados da UFMG, USP e UFRJ. O evento, aberto ao público, reuniu gestores, estudantes de licenciaturas, professores de ensino superior e de educação básica.
A mesa-redonda da manhã, intitulada “Parcerias entre universidades e escolas na formação de professores”, contou com a participação dos renomados especialistas António Nóvoa (IEAT/UFMG) e Bernardete Gatti (CEB-IEA/USP), que enfatizaram a importância de uma atuação colaborativa entre diferentes esferas da educação. A mediação ficou por conta da professora Maria José Flores (IEAT/UFMG), e pelo professor da rede estadual mineira Elton Silvério (IEAT/UFMG).
Gatti afirmou que "o diálogo entre todos os agentes da educação, especialmente universidades e escolas básicas, é primordial para compreender as demandas das novas gerações." . Ela chamou atenção para o alcance da educação pública no Brasil — com 80% das escolas atendendo à educação básica e cerca de 30 milhões de alunos matriculados na rede pública (Censo 2023) — e reforçou que a formação docente deve estar no centro das políticas educacionais. Para a professora, é preciso superar o distanciamento histórico entre universidades e a realidade escolar: “O ensino superior no Brasil já nasceu apartado das demandas da sociedade e da educação básica” e defendeu: "A universidade precisa sair de seu nicho e ampliar os horizontes por meio da escuta e cooperação". Ela também criticou a valorização excessiva da pesquisa em detrimento da docência reforça um "academicismo individualista".
Nóvoa, por sua vez, defendeu a importância de construir espaços comuns de formação docente, incluindo não apenas a formação inicial, mas também a continuada.“Precisamos de espaços organizados para ampliar a vitalidade da profissão docente, , em que as pessoas sintam que é possível construir novas práticas, propostas e dinâmicas de inovação”, afirmou, reconhecendo o desânimo de muitos educadores frente às condições precárias de trabalho, à burocracia e à desvalorização da profissão. Nóvoa também alertou para os desafios atuais: "Estamos vivendo um inferno, um inferno com ataques à ciência, ao conhecimento e aos direitos humanos em todo o mundo”. Para ele, “as universidades precisam assumir coerência, consistência e identidade nas suas licenciaturas”.
No período da tarde, uma roda de conversa ampliou o debate, com a participação de Giseli Barreto da Cruz (UFRJ) e Luís Carlos de Menezes (USP). As Cátedras de Educação Básica das três universidades buscam desenvolver pesquisas e projetos que impactem diretamente políticas públicas e práticas educacionais. O seminário reforçou a importância da cooperação entre universidades e escolas para melhorar a formação de professores e a qualidade da educação básica no país.
Foto: Elias Samuel | UFMG
Assista o seminário na íntegra no canal do YouTube do IEAT UFMG
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